Macrotendências do CIESP aponta Brasil na liderança da energia limpa

23/10/2023
Macrotendências do CIESP aponta Brasil na liderança da energia limpa

Consumo de energias fósseis, como o carvão mineral, petróleo e gás natural, deve cair de 80% para 56% até 2040

 

Sertãozinho – SP e o agronegócio estão na rota das macrotendências mundiais até 2040. O assunto foi pauta da palestra ministrada pelo presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Rafael Cervone, que abordou as mudanças nas próximas décadas nos campos da saúde, alimentação, energia, infraestrutura, urbanização, perfil do consumidor, trabalho, qualificação, segurança, entretenimento e turismo.

 

Junção de tecnologia, inovação, agro e energia limpa é 'equação vencedora', disse o presidente do CIESP, em Sertãozinho, cidade conhecida como capital nacional do setor sucroenergético e sede da Fenasucro & Agrocana, a maior feira mundial da cadeia bioenergética.

 

A descarbonização, a redução gradativa no uso de energias fósseis, a ampliação no uso de energias renováveis e o crescimento no consumo de baterias foram algumas das tendências apontadas nestes próximos anos. Segundo Cervone, o consumo de energias fósseis, como carvão mineral, petróleo e gás natural, deve cair de 80% para 56% até 2040.

 

Ele conta que hoje, por exemplo, o CIESP tem um grupo de trabalho dedicado aos estudos sobre o Combustível de Aviação (SAF). Empresas como a Embraer, por exemplo, já têm aviões operando 100% com o uso de etanol. Para Cervone, o Brasil será líder na produção de energia limpa no mundo e se destaca pela eficiência alimentar e energética.

 

"Diferente de outras regiões do mundo, o Brasil já tem na sua matriz energética mais de 90% de energia verde, renovável, está crescendo na área de fotovoltaica e solar, além de ter uma matriz hidráulica muito tradicional e significativa. Isso torna o Brasil um país único", disse Cervone.

 

Na avaliação do presidente do CIESP, a energia limpa é o que permeia o mundo dos negócios hoje. Ele cita que as restrições às importações e exportações em relação às pegadas de carbono e a seletividade dos consumidores acabam estimulando a tecnologia e a inovação para este segmento.

 

No quesito energia ainda, são tendências as smartgrids ou sistemas digitalizados de distribuição e transmissão inteligente de energia. Por outro lado, o armazenamento de energia deve crescer de 6GWh em 2019 para 155 GWh em 2030. O setor de baterias deverá receber investimentos de até US$ 802 bilhões também até 2040, segundo as estimativas.

 

Na área de infraestrutura Cervone ressaltou que a tendência é de que haja a integração inteligente dos modais de transporte. Enquanto nas telecomunicações, deve haver a expansão das redes 5G, redes em Banda Larga, computação em nuvem e computação de borda.

 

Já em relação ao saneamento básico, as estimativas indicam que acontecerão a construções e modernizações dos sistemas. A distribuição de água tende a ficar mais inteligente, com redução de desperdício por meio do uso de sensores de lot, machine learning e robôs. A dessalinização da água do mar é outra tendência apontada pelo estudo.

 

A presidente do CEISE Br, Rosana Amadeu Silva, enalteceu o conteúdo da palestra que, segundo ela, traz uma importante contribuição para que as empresas da região consolidem seus projetos futuros. “Lembrando que a nossa expertise é toda voltada para a produção de bioenergia, e conforme apresentado, de forma clara, pelo presidente do CIESP, muitas são as possibilidades e oportunidades para a expansão das nossas atividades”, afirmou.

 

Para o diretor do CIESP Sertãozinho e ex-presidente do CEISE Br, Luís Carlos Júnior Jorge, as macrotendências trazem uma ideia que ajudam nas decisões do dia a dia que o empresário tem de tomar. “Com isso, ele pode fazer um plano de trabalho. Estamos numa nova era e sem informação não vamos a lugar nenhum", disse o diretor.

 

O diretor do Grupo Viralcool, Antonio Tonielo, destacou a tendência em relação ao SAF (combustível para aviação). “Cervone falou da parceria entre o Senai e a Embraer, que já possui aeronaves de grande porte utilizando SAF, o que para nossa indústria é muito importante”, disse, destacando também a tecnologia de ponta empregada pelo Senai em uma das destilarias do grupo. “Uma escola totalmente automatizada. Através de um óculos eles conseguem ver temperatura, ph, teor do álcool, onde o operador vai sendo informado sobre o que fazer, tudo nesse sistema de 5G”, informa Tonielo.